quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Continuando a conversa sobre o filme "A Voz do Coração"


No dia 31 de agosto de 2010, o grupo de pesquisa sobre Infância e Linguagem reuniu-se para assistir ao Filme "A Voz do Coração" (La Choristes). A obra francesa data de 2004, dirigida por Christophe Barratier, concorreu em 2005 ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Trata da história de um professor de música (Clément Mathieu) que vai trabalhar em uma institutuição de "reeducação" de crianças, e se depara com um ambiente extramente rígido fundamentado na lei "Para toda ação, há uma reação", implatada pelo diretor Rachin, que no entanto não percebia a dimensão dialética inerente a tal lei, pois para cada reação rígida por parte da direção ou docentes surgia uma nova ação do lado das crianças.
Tal filosofia servia de base para a disseminação do autoritarismo e formas violentas de disciplina, metodogia esta questionada pelo professor recém chegado.
Muitas leituras podem ser feitas a partir desta obra cinematográfica, mas gostaria de chamar atenção para a importância do lúdico no espaço escolar (representado no filme pelo Coral), como a possibilidade de concretização da educação integral tão defendida por Gramsci.
Percebemos claramente que até a chegada do professor Mathieu a instituição fazia jus a sua denominação "O fundo do poço". As crianças não demonstravam prazer pelo aprendizado e muito menos pelo espaço escolar, e a idéia de reeducação não passava do nível intencional.
O professor Mathieu procurou instaurar a perspectiva de uma educação lúdica onde integrava-se uma teoria profunda aliada a uma prática atuante (NUNES, 2003). Propunha uma nova forma de olhar as crianças internas, proporcionando a elas uma ressignificação do aprender, do relacionar-se com o outro e um reencontro com a esperança e consigo mesmo. O filme revela ainda que a perspectiva da educação lúdica quando entendida como uma ação coletiva pode levar a transformações significativas, inclusive nos índices de indisciplina que tanto aflige as instituições escolares. Infelizmente fica claro que não é uma tarefa simples modificar formas arraigadas de como educar e a proposta de Mathieu é podada bruscamente. No entanto, as sementes já estavam germinando em alguns casos e mesmo com sua demissão, o cotidiano vivenciado teve suas estruturas abaladas e helleriana falando, a arte propiciou a saída de um contexto de alienação por alguns.

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